Certa noite, meu pai perguntou se eu gostaria de me tornar uma noiva fantasma. Perguntar talvez não seja bem a palavra. Estávamos em seu escritório, eu folheando um jornal e ele no sofá de vime. A noite estava quente e quieta, com mariposas voando em círculos pelo ar úmido, atraídas pela lamparina acesa.
“O que você disse?”
Ele fumava ópio. Aquele era o primeiro cachimbo da noite, então imaginei que ele estivesse relativamente lúcido. Meu pai, com seus olhos tristes e a pele esburacada feito um caroço de damasco, era um erudito. Nossa família costumava ser bastante rica, mas nos últimos anos tinha decaído e agora estávamos no limiar da classe média.
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